UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS X
LICEEI: LICENCIATURA INTERCULTURAL EM
EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA
DISCUPLINA: Língua portuguesa e
sociolinguística indígena II.
DOCENTE: Maria Nazaré Lima
POSSENTI, Sírio. Aprender a
escrever (re) escrevendo. Campinas: IEL/UNICAMP, 2005. (Linguagem e letramento
em foco).
Resenhado por: Emanoel Braz de Almeida
O livro intitulado
Aprendendo a escrever (re) escrevendo é de autoria do professor Sírio Possenti,
livre-docente no Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da
Linguagem – IEL / Unicamp, Campinas. Parte do princípio de que a escrita é uma
atividade que, na escola deve ser abundantemente praticada, com diversas
finalidades, entre as quais está o próprio aprendizado da escrita, por isso não
insiste em alguns aspectos que estão relacionados como um produto, que se
escreve e se lê em determinadas circunstâncias – isso seria objeto de um
trabalho específico sobre as condições de produção e de circulação dos textos.
Assim, a escrita e
principalmente a reescrita, são as formas de dominar normas de gramática e de
textualidade, domínio efetivo, mesmo que não consciente e explícito, das regras
de uma língua e das regras de construção de textos. No caso de textos escritos
devem estar corretos e bem escritos.
Alguns observações:
·
Escrever certo: Para escrever certo, pode
parecer que o caminho é obvio: basta aplicar as regras da gramática, mas feliz
ou infelizmente, não se trata apenas disso.
Infelizmente
porque o conhecimento de regras (decoradas, ou fora do contexto) não leva
necessariamente ao acerto na prática. Muitos alunos acertam exercícios, mas
erram quando escrevem textos. Felizmente, porque o “erro” fornece boas ocasiões
para aprender coisas interessantes sobre a língua.
·
Sobre a natureza dos erros de grafia, o autor
simplifica dizendo que os erros são devidos a três ou quatro razões:
-
falta de uniformidade na correspondência entre som e letra.
- diferença
de pronúncia de certos segmentos.
- variação
mais ou menos significativas entre a forma dicionarizada da palavra e a forma
falada.
- separação
ou não de certas partículas.
Essa
pequena amostra indica que quase nunca os erros são sintomas de “burrice”,
desinteresse ou problemas de ordem médica, mas efeitos da variedade da
representação escrita, trata-se da diversidade ‘”legalizada” da sociedade
linguística, as diversas maneiras de falar a língua que se refletem de alguma
forma na escrita. É claro que são casos que a escola deve considerar, mas são
“erros” normais e completamente previsíveis no processo de aprendizado da
escrita.
·
O prestígio da grafia: 1 – O domínio da
língua é considerado a prova fundamental de escolaridade. 2 – Circula uma
convicção equivocada de saber linguístico conforme certa ideologia, para que
alguém seja considerada inteligente/sábio, é necessário que domine a
ortografia. Como consequência, os erros de ortografia são considerados sérias
deficiências. Chega-se a supor que os que os cometem tem problemas neurológicos
graves. 3 – O domínio da ortografia é, ao contrário do que nossa sociedade
“pensa”, um saber relevante, exceto por seu valor simbólico. Mesmo assim, ou
até por isso mesmo, dá prestígio. Também outros aspectos das línguas estão
relacionados com prestígio – e não, por exemplo, com características
estruturais e com funções comunicativas ou cognitivas. “Boa pronúncia” ou “boa
concordância” produzem boas representações dos falantes.
Deste modo concluo que uma
reescrita possibilita novas visões, novos argumentos, dando ênfase ao
aprendizado da escrita com condições de produção de linguagens, facilitando o
entendimento do leitor, sua leitura se torna fundamental para os professores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário