quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Emanoel Braz de Almeida Resenha crítica POSSENTI, Sírio. Aprender s escrever (re) escrevendo. Campinas: IEL/UNICAMP, 2005. (Linguagem e letramento em foco).





UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS X
LICEEI: LICENCIATURA INTERCULTURAL EM EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA

DISCUPLINA: Língua portuguesa e sociolinguística indígena II.
DOCENTE: Maria Nazaré Lima

POSSENTI, Sírio. Aprender a escrever (re) escrevendo. Campinas: IEL/UNICAMP, 2005. (Linguagem e letramento em foco).

                            Resenhado por: Emanoel Braz de Almeida


O livro intitulado Aprendendo a escrever (re) escrevendo é de autoria do professor Sírio Possenti, livre-docente no Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem – IEL / Unicamp, Campinas. Parte do princípio de que a escrita é uma atividade que, na escola deve ser abundantemente praticada, com diversas finalidades, entre as quais está o próprio aprendizado da escrita, por isso não insiste em alguns aspectos que estão relacionados como um produto, que se escreve e se lê em determinadas circunstâncias – isso seria objeto de um trabalho específico sobre as condições de produção e de circulação dos textos.
Assim, a escrita e principalmente a reescrita, são as formas de dominar normas de gramática e de textualidade, domínio efetivo, mesmo que não consciente e explícito, das regras de uma língua e das regras de construção de textos. No caso de textos escritos devem estar corretos e bem escritos.
Alguns observações:
·        Escrever certo: Para escrever certo, pode parecer que o caminho é obvio: basta aplicar as regras da gramática, mas feliz ou infelizmente, não se trata apenas disso.
Infelizmente porque o conhecimento de regras (decoradas, ou fora do contexto) não leva necessariamente ao acerto na prática. Muitos alunos acertam exercícios, mas erram quando escrevem textos. Felizmente, porque o “erro” fornece boas ocasiões para aprender coisas interessantes sobre a língua.
·        Sobre a natureza dos erros de grafia, o autor simplifica dizendo que os erros são devidos a três ou quatro razões:
- falta de uniformidade na correspondência entre som e letra.
- diferença de pronúncia de certos segmentos.
- variação mais ou menos significativas entre a forma dicionarizada da palavra e a forma falada.
- separação ou não de certas partículas.

Essa pequena amostra indica que quase nunca os erros são sintomas de “burrice”, desinteresse ou problemas de ordem médica, mas efeitos da variedade da representação escrita, trata-se da diversidade ‘”legalizada” da sociedade linguística, as diversas maneiras de falar a língua que se refletem de alguma forma na escrita. É claro que são casos que a escola deve considerar, mas são “erros” normais e completamente previsíveis no processo de aprendizado da escrita.
·        O prestígio da grafia: 1 – O domínio da língua é considerado a prova fundamental de escolaridade. 2 – Circula uma convicção equivocada de saber linguístico conforme certa ideologia, para que alguém seja considerada inteligente/sábio, é necessário que domine a ortografia. Como consequência, os erros de ortografia são considerados sérias deficiências. Chega-se a supor que os que os cometem tem problemas neurológicos graves. 3 – O domínio da ortografia é, ao contrário do que nossa sociedade “pensa”, um saber relevante, exceto por seu valor simbólico. Mesmo assim, ou até por isso mesmo, dá prestígio. Também outros aspectos das línguas estão relacionados com prestígio – e não, por exemplo, com características estruturais e com funções comunicativas ou cognitivas. “Boa pronúncia” ou “boa concordância” produzem boas representações dos falantes.
Deste modo concluo que uma reescrita possibilita novas visões, novos argumentos, dando ênfase ao aprendizado da escrita com condições de produção de linguagens, facilitando o entendimento do leitor, sua leitura se torna fundamental para os professores.

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