quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Maria Hilda Santana dos Santos - POSSENTI, Sírio. Aprender a escrever (re) escrevendo. Campinas: IEL/UNICAMP, 2005. (Linguagem e letramento em foco).



UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS X
LICEEI: LICENCIATURA INTERCULTURAL EM EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA

DISCUPLINA: Língua portuguesa e sociolinguística indígena II.
DOCENTE: Maria Nazaré Lima

POSSENTI, Sírio. Aprender a escrever (re) escrevendo. Campinas: IEL/UNICAMP, 2005. (Linguagem e letramento em foco).
                            Resenhado por: Maria Hilda Santana dos Santos
                          
O livro Aprender a Escrever (re)escrevendo do autor Sírio Posseti,Professor livre-docente no Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem IEL/Unicamp.Defende a ideia de que a escrita é uma atividade que na escola deve ser abundantemente praticada, com diversas finalidades,entre as quais está o próprio aprendizado da escrita,e ainda diz que o aluno precisa principalmente praticar a escrita e rescrita de textos como uma forma e a mais eficaz de todas de aprender a escrever textos,não que o tornem aceitáveis ou menos inaceitáveis.O autor fala neste livro que as escolas devem se concentrar nesta atividade no qual é a escrita, tendo total conhecimento que  as unidades escolares se desdobra em diversos aspectos e não tem nada de mágico nem de espetacular,e estão relacionadas às práticas de escrita tais como elas se desenvolvem na sociedade.
Sírio Posseti defende a ideia da qual escrever bem no espaço escolar e especialmente escrever considerando a tradição culta, mas que não seja conservadora.Ele toma essa decisão supondo que a escola não precisa romper com algumas tradições, mas conservar muitas delas privilegiando um certo consenso e não as características de alguns campos ou de algum gênero específico.Ele também argumenta que o domínio da escrita é facilitado se a escola levar em conta o funcionamento da escrita na sociedade ou na prática escolar com características que a escrita tem na sua prática social,ou seja que a escrita seja realmente praticada,isto é, de modo que  estudantes escrevam regulamente na escola ou fora dela,não como uma forma de testar seus conhecimentos de grafia ou de língua, mas uma prática que inclui seguir regras que é o objetivo do autor.

Posseti aborda que não é uma boa pedagogia o aluno que “inventar” seu texto,tema,argumentos ou a tese a ser definida partindo do nada,mas que haja numerosos fatores interferindo no processo da escrita na escola.
“Para escrever certo ,parece que o caminho é obvio”diz o autor”,basta explicar as regras da gramática,mas ao mesmo tempo,ele diz, que,feliz ou infelizmente não se trata apenas disso.Infelizmente porque o conhecimento das regras não leva necessariamente ao acerto da prática.Porque muitos alunos acertam exercícios, mas erram quando escrevem textos.E felizmente porque através dos erros fornecerá ao aluno várias ocasiões para aprender coisas muito interessantes  sobre a língua.

No subtópico da pagina 16,parág.IV o autor ressalta que as regras de grafias adotadas para uma língua são as que são em consequência de um conjunto de fatores históricos,sociais e políticos.E que por conta deste fator indica que quase nunca os erros são sintomas de “burrice” desinteresse ou de problema de ordem médica,mas efeitos da variedade da representação escrita,da diversidade “legalizada”,da variedade linguística que se refletem de alguma forma na escrita.E que o domínio da ortografia,ao contrário,do que muitos pensam é um saber até pouco relevante,exceto por seu valor simbólico,mas até por isso dar prestígio,e que a chamada linguagem “correta” é associada à inteligência e à incapacidade de raciocínio,e a linguagem “errada”,à incapacidade.

Sírio Posseti aponta que por conta da “incapacidade” destes alunos,muitos são reprovados com base na ortografia que praticam,mesmo na fase de aprendizagem e são cada vez mais numerosos os alunos enviados a psicólogos e fonoaudiólogos,como se fossem doentes.O autor dialoga que ao invés de mandarem estes alunos para serem analisados por estes doutores tentando corrigir,estudar e aplicar as regras,seria bem mais inteligente entender o que provoca os erros ou estudar os fenômenos linguísticos  que estão na base dos processos que levam alunos a escrever como escrevem,a errar como erram e não de qualquer maneira.

Sírio finaliza este assunto abordado que para termos razoável clareza sobre a questão,seria interessante ler ”Erros de escolares como sintomas de tendências Linguística no português do Rio de Janeiro “ escrito por Mattoso Câmara,de 1957.
Neste livro, Sírio Possati fala que a escrita na escola deve ser trabalhada de modo que o aluno entenda e compreenda as características de se fazer um texto,mas para que isto aconteça é preciso ter práticas de exercícios e esta é uma das soluções para se ter um sucesso nesta questão,defendendo a sua opinião que escrever bem é escrever culturalmente de forma culta sem ser conservador,mesmo ele sendo um. Acredito que o autor fez se entender que,mesmo em sua forma conservadora,a escola pode fazer com que o aluno aprenda a escrever através dos exercícios aplicados,e incentivar que estes mesmos alunos continuem a escrever fora dela.
Sírio é muito feliz quando diz que nós professores não podemos esperar que o aluno faça um texto a parti do nada,mas que numa boa pedagogia é necessário que o aluno tenha uma prévia do que ele irá tratar no conteúdo do seu texto,ou seja, os argumentos necessários explanado pelo professor.

Através dos erros de grafia que muitas vezes é abordado pelo professor como um ato de “burrice”,neste livro Posseti deixa bem claro que são efeitos da variedade da linguística,ou seja,as várias formas de escrita que se refletem na maneira da qual o aluno tem para escrever,e através destes mesmos erros que também é cometido muitas vezes pelo próprio professor,é que alunos estão sendo mandados aos milhares em consultórios para “diagnosticar”o porque que este aluno tem dificuldades para aprender, e este fato não acontece somente em escolas indígenas não,são em todas as unidades escolares,infelizmente.
Deste modo Sírio Posseti finaliza este argumento na pagina 20,dizendo que em vez de aplicar regras e corrigir os erros, é muito melhor identificar o que provoca os erros,quais os fenômenos da linguagem que leva os alunos a escreverem como escrevem e a errar como erram,em vez de tentar passar um problema que é seu para um doutor em fonoaudiologia ou para um psicólogo resolver.
 
Por fim a leitura deste livro se torna indispensável aos educadores que lutam todos os dias com estes mesmos alunos que tem este “problema” de escrita e regras de ortografia,não como forma de alunos dependentes de alguém que os julgue,mas sim educadores que os oriente de forma correta e os compreenda da maneira que eles precisam ser compreendidos.

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