UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS X
LICEEI: LICENCIATURA INTERCULTURAL EM
EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA
DISCUPLINA:
Língua portuguesa e sociolinguística indígena II.
DOCENTE:
Maria Nazaré Lima
POSSENTI, Sírio. Aprender a
escrever (re) escrevendo. Campinas: IEL/UNICAMP, 2005. (Linguagem e letramento
em foco).
Resenhado por: José
Roberto dos Santos
Linguagem
na escola
No primeiro momento o autor
argumenta a ideia que poderia convencer os leitores que é desnecessário ensinar
gramática na escola para obter domínio de uma língua e tornar cidadãos leitores
hábeis. Na análise da língua é preciso estar convencido que a gramática não é
indispensável para o ensino, deve-se primeiro pensar no estudo da gramática e
depois no domínio ativo da língua. Sabe-se que a questão do ensino da gramática
na escola tem sido longamente discutida.
A discussão continua atual, porque
o professor precisa decidir sobre o ensino de gramática na escola, qual a
proporção de tempo destinado ao ensino da língua analisando cada uma das
estratégias (leitura, redação, gramática, etc), além do fato de que a decisão
pode variar conforme o nível de ensino e o tipo de classe, ou até mesmo o tipo
de escola. Outra razão é que esta discussão revela diferentes orientações
didáticas (ensinar a partir do uso observado, ou ensinar a partir de regras),
diferentes concepções do papel da língua numa sociedade cheia de contrastes
como é a nossa (serve para a comunicação ou abre acesso a oportunidades de
emprego) e diferentes objetivos atribuídos às escolas de primeiro e segundo
graus (preparar para a vida ou preparar para o vestibular, dois objetivos que
só coincidem para um número limitado de alunos), embora tenha ocorrido mudança
no discurso, a prática escolar continua a mesma.
As duas primeiras maneiras
de definir “conjunto de regras,” dizem respeito ao comportamento oral ou
escrito dos membros de uma comunidade linguística. A terceira maneira de
definir a expressão refere-se a hipóteses sobre aspectos da realidade mental
dos mesmos falantes. Vou detalhar um pouco essas três noções, de modo a
caracterizar três tipos de gramática ou três sentidos um pouco mais precisos
para a palavra “gramática”. Uma observação indispensável, quando se fala de
pronomes é que no português do Brasil, a regra de colocação de pronomes átonos
ainda encontrados na gramática são ensinados na escola como desejáveis
evidentemente em decorrência de uma visão equivocada da língua. Só é possível
entender que ainda se suponha que aquelas regras funcionam ou pelo menos deveriam
funcionar, por absoluto saudosismo e purismo. Exemplo: vós fostes, vós víeis,
sairei, dormirá, fora, (tu em algumas regiões, nós X a gente).
A terceira definição de
gramática – conjunto de regras que o falante domina, refere-se a hipóteses
sobre os conhecimentos que habilitam o falante a produzir frases ou sequências
de palavras de maneira que compreende e reconhece como pertencimento a uma
língua.
Há dois sentidos em que se
pode falar de regras, um deles traz consigo a ideia de obrigação e a outra no
sentido de etiqueta e do bom comportamento. Quem o transgride é apontado como
grosseiro, marginal ou caipira e pode ser reprovado.
A regra gramatical normativa expressa uma obrigação
do certo e do errado, para esta, a língua corresponde às formas de expressão observadas,
produzidas por pessoas cultas, de prestígio, enquanto a gramática descritiva,
nenhum dado é desqualificado como não pertencente à língua, ou seja, em
princípio nenhuma expressão é encarada como erro, ao contrário, a gramática
descritiva encara e considera um fato a ser descrito e explicado. A noção mais
corrente de erro é a que decorre da gramática normativa: é erro tudo aquilo que
foge a variedade que foi eleita como exemplo de boa linguagem.
Na metodologia rapidamente
sugerida, ensinar gramática pode continuar a ser um objetivo válido, lembre-se,
porém que há pelo menos três concepções de gramática, o que se sugere é que a
prioridade a adotar na escola deve ser inversa da seguida na apresentação
desses conceitos, o mais importante é que o aluno possa vir a dominar
efetivamente o maior número possível de regras.
Nesse sentido, o papel da
escola não é o de ensinar uma variedade no lugar da outra, mas de criar
condições para que os alunos aprendam a variedade de uma cultura mais elaborada.
É um direito elementar do aluno, ter acesso aos bens culturais da sociedade, e
é bom não esquecer que para muitos, esse acesso só é possível através do que
lhe for ensinado nos poucos anos de escola.
(Referência da escrita
Puhuyakuá Pataxó).
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